Skip to main content

CHAPTER FOURTEEN

CAPÍTULO QUATORZE

Brahmā’s Prayers to Lord Kṛṣṇa

As Orações de Brahmā ao Senhor Kṛṣṇa

This chapter describes the prayers Brahmā offered to Lord Kṛṣṇa, who is also known as Nanda-nandana.

Este capítulo descreve as orações oferecidas por Brahmā ao Senhor Kṛṣṇa, que também é conhecido como Nanda-nandana.

For His satisfaction, Brahmā first praised the beauty of the Lord’s transcendental limbs and then declared that His original identity of sweetness is even more difficult to comprehend than His opulence. Only by the devotional process of hearing and chanting transcendental sounds received from Vedic authorities can one realize the Personality of Godhead. It is fruitless to try to realize God through processes outside the scope of Vedic authority.

Para a satisfação do Senhor, Brahmā primeiro louvou a beleza dos membros transcendentais do Senhor e, depois, declarou que Sua iden­tidade original de doçura é ainda mais difícil de compreender do que Sua opulência. Apenas através do processo devocional de ouvir e cantar sons transcendentais recebidos das autoridades védicas é que se pode realizar a Personalidade de Deus. É infrutífero tentar realizar Deus através de processos que se encontrem fora do âmbito da auto­ridade védica.

The mystery of the Personality of Godhead, who is the reservoir of unlimited spiritual qualities, is inconceivable; it is even more difficult to understand than the impersonal Supreme. Thus only by the mercy of God can one understand His glories. Finally realizing this, Brahmā repeatedly condemned his own actions and recognized that Lord Śrī Kṛṣṇa, the ultimate shelter of the universe, is Brahmā’s own father, the original Nārāyaṇa. In this way Brahmā begged the Lord’s forgiveness.

O mistério acerca da Personalidade de Deus, que é o reservatório de qualidades espirituais ilimitadas, é inconcebível; é ainda mais di­fícil de entender do que o Supremo impessoal. Logo, é apenas pela mise­ricórdia de Deus que alguém pode compreender Suas glórias. Por fim, ao dar-se conta deste fato, Brahmā condenou repetidas vezes suas próprias ações e reconheceu que o Senhor Śrī Kṛṣṇa, o refúgio último do universo, é o próprio pai de Brahmā, o Nārāyaṇa original. Desse modo, Brahmā suplicou perdão ao Senhor.

Brahmā then glorified the inconceivable opulence of the Personality of Godhead and described the ways in which Brahmā and Śiva differ from Lord Viṣṇu, the reason for the Supreme Lord’s appearance in various species of demigods, animals and so on, the eternal nature of the pastimes of the Personality of Godhead, and the temporality of the material world. By knowing the Supreme Personality in truth, the individual spirit soul can achieve liberation from bondage. In actuality, however, both liberation and bondage are unreal, for it is only from the living entity’s conditioned outlook that his bondage and liberation are produced. Thinking the personal form of Lord Kṛṣṇa illusory, fools reject His lotus feet and look elsewhere to find the Supreme Self. But the futility of their search is the obvious proof of their foolishness. There is simply no way to understand the truth of the Personality of Godhead without His mercy.

Brahmā, então, glorificou a opulência inconcebível da Personalidade de Deus e descreveu as características que tornam Brahmā e Śiva di­ferentes do Senhor Viṣṇu, a razão do aparecimento do Senhor Supre­mo em várias espécies de semideuses, animais etc., a natureza eterna dos passatempos da Personalidade de Deus e a temporariedade do mundo material. Por conhecer de fato a Personalidade Suprema, a alma espiritual individual pode libertar-se do cativeiro. Na verdade, contudo, tanto a liberação quanto o cativeiro são irreais, pois é apenas em decorrência da concepção condicionada da entidade viva que se criam seu cativeiro e sua liberação. Julgando ilusória a forma pessoal do Senhor Kṛṣṇa, os tolos rejeitam Seus pés de lótus e procuram en­contrar em outro lugar o Eu Supremo. Mas a futilidade de sua busca é a prova óbvia de sua tolice. Simplesmente não há como compreen­der a verdade a respeito da Personalidade de Deus sem Sua mise­ricórdia.

Having established this conclusion, Lord Brahmā analyzed the great good fortune of the residents of Vraja and then personally prayed to be born there even as a blade of grass, a bush or a creeper. Indeed, the homes of the residents of Vṛndāvana are not prisons of material existence but rather abodes envied even by the jñānīs and yogīs. On the other hand, any home without a connection to Lord Kṛṣṇa is in fact a prison cell of material existence. Finally, Brahmā offered his whole self at the lotus feet of the Supreme Lord and, praising Him again and again, circumambulated Him and took his leave.

Depois de estabelecer esta conclusão, o senhor Brahmā analisou a enorme boa fortuna dos residentes de Vraja e, então, orou pessoalmen­te para nascer ali até mesmo como uma folha de grama, um arbusto ou uma trepadeira. De fato, os lares dos residentes de Vṛndāvana não são prisões da existência material, mas sim moradas invejadas até pelos jñānīs e yogīs. Por outro lado, qualquer lar destituído de cone­xão com o Senhor Kṛṣṇa não passa de uma cela do cárcere da exis­tência material. Por fim, Brahmā entregou-se sem reservas aos pés de lótus do Senhor Supremo e, louvando-O reiteradas vezes, circungi­rou-O e despediu-se.

Lord Kṛṣṇa then gathered the animals Brahmā stole and led them to the place on the Yamunā’s bank where the cowherd boys had been taking lunch. The same friends who had been present before were sitting there now. By the power of Kṛṣṇa’s illusory energy, they were not at all aware of what had happened. Thus when Kṛṣṇa arrived with the calves, the boys told Him, “You’ve returned so quickly! Very good. As long as You were gone we couldn’t take even a morsel of food, so come and eat.”

Nesse momento, o Senhor Kṛṣṇa reuniu os animais que Brahmā roubara e levou-os ao lugar à margem do Yamunā, onde os vaqueirinhos almoçavam. Os mesmos amigos que antes estavam presen­tes, encontravam-se sentados ali mais uma vez. Devido ao poder da energia ilusória de Kṛṣṇa, eles não tinham nenhuma consciência do que acon­tecera. Assim, quando Kṛṣṇa chegou com os bezerros, os meninos disseram-Lhe: “Voltastes tão depressa! Muito bem. Enquanto esti­vestes ausente, não pudemos comer sequer um bocado, vinde, então, comer.”

Laughing at the words of the cowherd boys, Lord Kṛṣṇa began taking His meal in their company. While eating, Kṛṣṇa pointed out to His young friends the skin of the python, and the boys thought, “Kṛṣṇa has just now killed this terrible snake.” Indeed, later they related to the residents of Vṛndāvana the incident of Kṛṣṇa’s killing the Agha demon. In this way, the cowherd boys described pastimes that Lord Kṛṣṇa had performed in His bālya age (one to five), even though His paugaṇḍa age (six to ten) had begun.

Rindo por causa das palavras dos vaqueirinhos, o Senhor Kṛṣṇa começou a tomar Sua refeição na companhia deles. Enquanto comia, Kṛṣṇa mostrou a Seus amiguinhos a pele do píton, e os meninos pen­saram: “Kṛṣṇa acabou de matar esta serpente terrível.” De fato, mais tarde eles relataram aos residentes de Vṛndāvana o incidente em que Kṛṣṇa matou o demônio Agha. Desse modo, os vaqueirinhos des­creveram passatempos que o Senhor Kṛṣṇa executara em Sua idade bālya (de um a cinco anos), embora Sua idade paugaṇḍa (de seis a dez anos) já houvesse começado.

Śukadeva Gosvāmī concludes this chapter by explaining how the gopīs loved Lord Kṛṣṇa even more than they loved their own sons.

Śukadeva Gosvāmī conclui este capítulo explicando como as gopīs amavam o Senhor Kṛṣṇa mais até mesmo do que amavam seus próprios filhos.

Text 1:
Lord Brahmā said: My dear Lord, You are the only worshipable Lord, the Supreme Personality of Godhead, and therefore I offer my humble obeisances and prayers just to please You. O son of the king of the cowherds, Your transcendental body is dark blue like a new cloud, Your garment is brilliant like lightning, and the beauty of Your face is enhanced by Your guñjā earrings and the peacock feather on Your head. Wearing garlands of various forest flowers and leaves, and equipped with a herding stick, a buffalo horn and a flute, You stand beautifully with a morsel of food in Your hand.
VERSO 1:
O senhor Brahmā disse: Meu querido Senhor, sois o único Senhor adorável, a Suprema Personalidade de Deus, e por isso ofereço minhas humildes reverências e orações somente para agradar­-Vos. Ó filho do rei dos vaqueiros, Vosso corpo transcendental é azul-escuro como uma nuvem nova, Vossa roupa brilha como o raio, e a beleza de Vosso rosto é realçada por Vossos brincos guñjā e pela pena de pavão que Vos adorna a cabeça. Usando guirlandas de várias flores e folhas silvestres e carregando um cajado de pastor, um chifre de búfalo e uma flauta, pareceis tão belo assim postado com um punhado de comida na mão.
Text 2:
My dear Lord, neither I nor anyone else can estimate the potency of this transcendental body of Yours, which has shown such mercy to me and which appears just to fulfill the desires of Your pure devotees. Although my mind is completely withdrawn from material affairs, I cannot understand Your personal form. How, then, could I possibly understand the happiness You experience within Yourself?
VERSO 2:
Meu querido Senhor, nem eu nem nenhuma pessoa pode ava­liar a potência deste Vosso corpo transcendental, que me mostrou tamanha misericórdia e que aparece apenas para satisfazer os desejos de Vossos devotos puros. Embora minha mente esteja completamente afastada dos assuntos materiais, não posso compreender Vossa forma pessoal. Como, então, seria possível que eu enten­desse a felicidade que experimentais em Vós mesmo?
Text 3:
Those who, even while remaining situated in their established social positions, throw away the process of speculative knowledge and with their body, words and mind offer all respects to descriptions of Your personality and activities, dedicating their lives to these narrations, which are vibrated by You personally and by Your pure devotees, certainly conquer Your Lordship, although You are otherwise unconquerable by anyone within the three worlds.
VERSO 3:
Aqueles que, mesmo enquanto situados em suas posições sociais estabelecidas, rejeitam o processo de conhecimento especulativo e, com seu corpo, palavras e mente, oferecem todo o respeito às descrições acerca de Vossa personalidade e atividades, dedicando suas vidas a essas narrações, que são vibradas por Vós mesmo e por Vossos devotos puros, com certeza Vos conquistam, embora, de outro modo, sejais inconquistável por parte de qualquer um dentro dos três mundos.
Text 4:
My dear Lord, devotional service unto You is the best path for self-realization. If someone gives up that path and engages in the cultivation of speculative knowledge, he will simply undergo a troublesome process and will not achieve his desired result. As a person who beats an empty husk of wheat cannot get grain, one who simply speculates cannot achieve self-realization. His only gain is trouble.
VERSO 4:
Meu querido Senhor, o serviço devocional a Vós é o melhor caminho para a autorrealização. Se alguém abandona este cami­nho e se dedica ao cultivo de conhecimento especulativo, apenas se submeterá a um processo penoso e não alcançará o resultado desejado. Assim, tal qual uma pessoa que pila uma casca de trigo vazia não pode obter o cereal, quem simplesmente especula não pode lograr a autorrealização. Seu único ganho é transtorno.
Text 5:
O almighty Lord, in the past many yogīs in this world achieved the platform of devotional service by offering all their endeavors unto You and faithfully carrying out their prescribed duties. Through such devotional service, perfected by the processes of hearing and chanting about You, they came to understand You, O infallible one, and could easily surrender to You and achieve Your supreme abode.
VERSO 5:
No passado, ó Senhor onipotente, muitos yogīs neste mundo alcançaram a plataforma de serviço devocional como resultado de terem oferecido todos os seus esforços a Vós e de terem cum­prido fielmente seus deveres prescritos. Através desse serviço devocional, aperfeiçoado mediante os processos de ouvir e cantar sobre Vós, eles compreenderam-Vos, ó infalível, e pude­ram com facilidade render-se a Vós e alcançar Vossa morada su­prema.
Text 6:
Nondevotees, however, cannot realize You in Your full personal feature. Nevertheless, it may be possible for them to realize Your expansion as the impersonal Supreme by cultivating direct perception of the Self within the heart. But they can do this only by purifying their mind and senses of all conceptions of material distinctions and all attachment to material sense objects. Only in this way will Your impersonal feature manifest itself to them.
VERSO 6:
Os não-devotos, todavia, não podem compreender-Vos em Vosso aspecto pessoal completo. Não obstante, eles talvez possam compreender Vossa expansão como o Supremo impessoal por meio do cultivo da percepção direta do Eu dentro do coração. Todavia, eles só podem chegar a esse entendimento depois de purificarem sua mente e seus sentidos de todas as concepções de distinções materiais e de todos os apegos aos objetos materiais dos sentidos. Apenas dessa forma é que Vosso aspecto impessoal se manifestará para eles.
Text 7:
In time, learned philosophers or scientists might be able to count all the atoms of the earth, the particles of snow, or perhaps even the shining molecules radiating from the sun, the stars and other luminaries. But among these learned men, who could possibly count the unlimited transcendental qualities possessed by You, the Supreme Personality of Godhead, who have descended onto the surface of the earth for the benefit of all living entities?
VERSO 7:
No futuro, filósofos ou cientistas eruditos talvez consi­gam contar todos os átomos da terra, as partículas de neve ou até mesmo as brilhantes moléculas que irradiam do Sol, das estrelas e de outros corpos luminosos. Mas dentre estes homens eruditos, qual deles poderia contar as ilimitadas qualidades transcenden­tais possuídas por Vós, a Suprema Personalidade de Deus, que descestes à superfície da Terra para o benefício de todas as enti­dades vivas?
Text 8:
My dear Lord, one who earnestly waits for You to bestow Your causeless mercy upon him, all the while patiently suffering the reactions of his past misdeeds and offering You respectful obeisances with his heart, words and body, is surely eligible for liberation, for it has become his rightful claim.
VERSO 8:
Meu querido Senhor, aquele que espera ansiosamente que Vós lhe concedais Vossa misericórdia imotivada, ao mesmo tempo em que sofre com paciência as reações de suas más ações passadas e oferece-Vos respeitosas reverências com seu coração, palavras e corpo, com certeza é um candidato à liberação, porque esta se tornou seu direito legítimo.
Text 9:
My Lord, just see my uncivilized impudence! To test Your power I tried to extend my illusory potency to cover You, the unlimited and primeval Supersoul, who bewilder even the masters of illusion. What am I compared to You? I am just like a small spark in the presence of a great fire.
VERSO 9:
Meu Senhor, vede só minha incivilizada impudência! Para testar Vosso poder, tentei, com minha potência ilusória, encobrir a Vós, a Superalma ilimitada e primordial, que confundis até mesmo os mestres da ilusão. Quem sou eu comparado a Vós? Sou tal qual uma pequena centelha na presença de um grande fogo.
Text 10:
Therefore, O infallible Lord, kindly excuse my offenses. I have taken birth in the mode of passion and am therefore simply foolish, presuming myself a controller independent of Your Lordship. My eyes are blinded by the darkness of ignorance, which causes me to think of myself as the unborn creator of the universe. But please consider that I am Your servant and therefore worthy of Your compassion.
VERSO 10:
Portanto, ó Senhor infalível, fazei o obséquio de perdoar minhas ofensas. Nasci no modo da paixão e não passo, portanto, de um tolo, que me julgo um controlador independente de Vós. Meus olhos estão cegos pela escuridão da ignorância, que me leva a pensar que sou o não nascido criador do universo. Mas, por favor, considerai-me como Vosso servo e, portanto, como alguém digno de Vossa com­paixão.
Text 11:
What am I, a small creature measuring seven spans of my own hand? I am enclosed in a potlike universe composed of material nature, the total material energy, false ego, ether, air, water and earth. And what is Your glory? Unlimited universes pass through the pores of Your body just as particles of dust pass through the openings of a screened window.
VERSO 11:
Quem sou eu, uma pequena criatura que meço sete palmos de minha própria mão? Estou enclausurado em um universo em forma de vaso constituído de natureza material, da totalidade da ener­gia material, de falso ego, éter, ar, água e terra. E qual é Vossa glória? Ilimitados universos atravessam os poros de Vosso corpo assim como partículas atravessam as aberturas da tela de uma janela.
Text 12:
O Lord Adhokṣaja, does a mother take offense when the child within her womb kicks with his legs? And is there anything in existence — whether designated by various philosophers as real or as unreal — that is actually outside Your abdomen?
VERSO 12:
Ó Senhor Adhokṣaja, uma mãe fica ofendida quando a criança em seu ventre a chuta com suas pernas? E há algo na existên­cia – quer seja designado pelos vários filósofos como real ou irreal – que esteja, na verdade, fora de Vosso abdômen?
Text 13:
My dear Lord, it is said that when the three planetary systems are merged into the water at the time of dissolution, Your plenary portion, Nārāyaṇa, lies down on the water, gradually a lotus flower grows from His navel, and Brahmā takes birth upon that lotus flower. Certainly, these words are not false. Thus am I not born from You?
VERSO 13:
Meu querido Senhor, afirma-se que quando os três sistemas plane­tários se dissolvem na água na época da dissolução, Vossa porção plenária, Nārāyaṇa, deita-Se na água, uma flor de lótus gradual­mente cresce de Seu umbigo, e Brahmā nasce sobre essa flor de lótus. Sem dúvida, essas palavras não são falsas. Logo, eu não nasci de Vós?
Text 14:
Are You not the original Nārāyaṇa, O supreme controller, since You are the Soul of every embodied being and the eternal witness of all created realms? Indeed, Lord Nārāyaṇa is Your expansion, and He is called Nārāyaṇa because He is the generating source of the primeval water of the universe. He is real, not a product of Your illusory Māyā.
VERSO 14:
Não sois o Nārāyaṇa original, ó controlador supremo, visto serdes a Alma de toda entidade corporificada e a testemunha eterna de todos os reinos criados? De fato, o Senhor Nārāyaṇa é Vossa expansão e chama-Se Nārāyaṇa por ser a fonte geradora da água primordial do universo. Ele é real, e não um produto de Vossa māyā ilusória.
Text 15:
My dear Lord, if Your transcendental body, which shelters the entire universe, is actually lying upon the water, then why were You not seen by me when I searched for You? And why, though I could not envision You properly within my heart, did You then suddenly reveal Yourself?
VERSO 15:
Meu querido Senhor, se Vosso corpo transcendental, que abriga o universo inteiro, está de fato deitado sobre a água, então por que não pude ver-Vos quando Vos procurei? E por que motivo, embora não pudesse ver-Vos de modo correto dentro de meu coração, Vós então de repente Vos revelastes?
Text 16:
My dear Lord, in this incarnation You have proved that You are the supreme controller of Māyā. Although You are now within this universe, the whole universal creation is within Your transcendental body — a fact You demonstrated by exhibiting the universe within Your abdomen before Your mother, Yaśodā.
VERSO 16:
Meu querido Senhor, nesta encarnação provastes ser o supre­mo controlador de māyā. Embora estejais agora dentro deste universo, a criação universal inteira encontra-se dentro de Vosso corpo transcendental – fato que demonstrastes ao exibirdes todo o universo dentro de Vosso abdômen diante de Vossa mãe, Yaśodā.
Text 17:
Just as this entire universe, including You, was exhibited within Your abdomen, so it is now manifested here externally in the same exact form. How could such things happen unless arranged by Your inconceivable energy?
VERSO 17:
Assim como este universo inteiro, e inclusive Vós mesmo, foi exibido dentro de Vosso abdômen, ele agora se manifesta aqui externamente da mesma forma. Como poderiam acontecer tais coisas se não fossem elas arranjos de Vossa energia inconcebível?
Text 18:
Have You not shown me today that both You Yourself and everything within this creation are manifestations of Your inconceivable potency? First You appeared alone, and then You manifested Yourself as all of Vṛndāvana’s calves and cowherd boys, Your friends. Next You appeared as an equal number of four-handed Viṣṇu forms, who were worshiped by all living beings, including me, and after that You appeared as an equal number of complete universes. Finally, You have now returned to Your unlimited form as the Supreme Absolute Truth, one without a second.
VERSO 18:
Não me mostrastes hoje que tanto Vós mesmo quanto tudo dentro desta criação são manifestações de Vossa potência incon­cebível? Primeiro aparecestes sozinho, e então manifestastes-Vos como todos os bezerros e vaqueirinhos de Vṛndāvana, Teus ami­gos. Em seguida, aparecestes como um igual número de formas de Viṣṇu de quatro braços, que eram adoradas por todos os seres vivos, inclusive por mim, e depois aparecestes como um igual número de universos completos. Por fim, retornastes agora a Vossa forma ilimitada como a Suprema Verdade Absoluta, única e inigualável.
Text 19:
To persons ignorant of Your actual transcendental position, You appear as part of the material world, manifesting Yourself by the expansion of Your inconceivable energy. Thus for the creation of the universe You appear as me [Brahmā], for its maintenance You appear as Yourself [Viṣṇu], and for its annihilation You appear as Lord Trinetra [Śiva].
VERSO 19:
A pessoas que desconhecem Vossa verdadeira posição trans­cendental, apareceis como parte do mundo material, manifestan­do-Vos através da expansão de Vossa energia inconcebível. Desse modo, para criar o universo, apareceis como eu [Brahmā]; para mantê-lo, apareceis como Vós mesmo [Viṣṇu], e, para aniquilá-lo, apareceis como o senhor Trinetra [Śiva].
Text 20:
O Lord, O supreme creator and master, You have no material birth, yet to defeat the false pride of the faithless demons and show mercy to Your saintly devotees, You take birth among the demigods, sages, human beings, animals and even the aquatics.
VERSO 20:
Ó Senhor, ó supremo criador e amo, não tendes nascimento material, mas, para derrotar o falso orgulho dos demônios incrédulos e conceder misericórdia a Vossos devotos santos, nas­ceis entre os semideuses, sábios, seres humanos, animais e até seres aquáticos.
Text 21:
O supreme great one! O Supreme Personality of Godhead! O Supersoul, master of all mystic power! Your pastimes are taking place continuously in these three worlds, but who can estimate where, how and when You are employing Your spiritual energy and performing these innumerable pastimes? No one can understand the mystery of how Your spiritual energy acts.
VERSO 21:
Ó pessoa suprema! Ó Suprema Personalidade de Deus! Ó Su­peralma, senhor de todo o poder místico! Vossos passatempos sucedem-se continuamente nestes três mundos, mas quem pode avaliar onde, como e quando empregais Vossa energia espiritual e executais estes inumeráveis passatempos? Ninguém pode compreender o mistério sobre a atuação de Vossa energia espiritual.
Text 22:
Therefore this entire universe, which like a dream is by nature unreal, nevertheless appears real, and thus it covers one’s consciousness and assails one with repeated miseries. This universe appears real because it is manifested by the potency of illusion emanating from You, whose unlimited transcendental forms are full of eternal happiness and knowledge.
VERSO 22:
Portanto, este universo inteiro, não obstante pareça real, é, como um sonho, irreal por natureza; dessa maneira, ele encobre a consciência e acomete o ser vivo com repetidos sofrimentos. Este universo parece real porque se manifesta da potência ilusória que emana de Vós, cujas ilimitadas formas transcendentais são plenas de felicidade e conhecimento eternos.
Text 23:
You are the one Supreme Soul, the primeval Supreme Personality, the Absolute Truth — self-manifested, endless and beginningless. You are eternal and infallible, perfect and complete, without any rival and free from all material designations. Your happiness can never be obstructed, nor have You any connection with material contamination. Indeed, You are the indestructible nectar of immortality.
VERSO 23:
Sois a única Alma Suprema, a primordial Personalidade Supre­ma, a Verdade Absoluta – automanifesta, sem fim e sem início. Sois eterno e infalível, perfeito e completo, sem nenhum rival e livre de todas as designações materiais. Vossa felicidade jamais pode ser obstruída, tampouco tendes alguma conexão com a contami­nação material. Na realidade, sois o indestrutível néctar da imor­talidade.
Text 24:
Those who have received the clear vision of knowledge from the sunlike spiritual master can see You in this way, as the very Soul of all souls, the Supersoul of everyone’s own self. Thus understanding Your original personality, they are able to cross over the ocean of illusory material existence.
VERSO 24:
Aqueles que receberam do mestre espiritual, que é semelhante ao Sol, a visão clara do conhecimento podem ver-Vos deste modo, como a própria Alma de todas as almas, a Superalma do eu de todos. Compreendendo assim Vossa personalidade original, eles podem atravessar o oceano da existência material ilusória.
Text 25:
A person who mistakes a rope for a snake becomes fearful, but he then gives up his fear upon realizing that the so-called snake does not exist. Similarly, for those who fail to recognize You as the Supreme Soul of all souls, the expansive illusory material existence arises, but knowledge of You at once causes it to subside.
VERSO 25:
Quem confunde uma corda com uma cobra fica temeroso, mas depois, ao perceber que a pretensa cobra não existe, ele perde o temor. Analogamente, para aqueles que deixam de reconhecer­-Vos como a Alma Suprema de todas as almas, surge a vasta exis­tência material ilusória, mas o conhecimento a respeito de Vós de imediato provoca sua cessação.
Text 26:
The conception of material bondage and the conception of liberation are both manifestations of ignorance. Being outside the scope of true knowledge, they cease to exist when one correctly understands that the pure spirit soul is distinct from matter and always fully conscious. At that time bondage and liberation no longer have any significance, just as day and night have no significance from the perspective of the sun.
VERSO 26:
A concepção do cativeiro material e a concepção da libera­ção são ambas manifestações de ignorância. Por se acharem fora do âmbito do verdadeiro conhecimento, elas deixam de existir quando se compreende corretamente que a alma espiritual pura é distinta da matéria e sempre plena de consciência. Nesse mo­mento, cativeiro e liberação já não têm sentido, assim como dia e noite nada significam da perspectiva de quem se encontra no Sol.
Text 27:
Just see the foolishness of those ignorant persons who consider You to be some separated manifestation of illusion and who consider the self, which is actually You, to be something else, the material body. Such fools conclude that the supreme soul is to be searched for somewhere outside Your supreme personality.
VERSO 27:
Vede só a tolice desses ignorantes que Vos consideram uma manifestação separada de ilusão e que consideram o eu, o qual na verdade sois Vós, como alguma outra coisa, ou seja, o corpo material. Semelhantes tolos concluem que a alma suprema deve ser procurada em algum lugar à parte de Vossa personalidade suprema.
Text 28:
O unlimited Lord, the saintly devotees seek You out within their own bodies by rejecting everything separate from You. Indeed, how can discriminating persons appreciate the real nature of a rope lying before them until they refute the illusion that it is a snake?
VERSO 28:
Ó Senhor ilimitado, os devotos santos buscam-Vos dentro de seus próprios corpos, rejeitando tudo o que se encontra à parte de Vós. De fato, como pessoas de discriminação poderão apreciar a natureza real de uma corda que está diante delas, enquanto não refutarem a ilusão de que ela é uma cobra?
Text 29:
My Lord, if one is favored by even a slight trace of the mercy of Your lotus feet, he can understand the greatness of Your personality. But those who speculate to understand the Supreme Personality of Godhead are unable to know You, even though they continue to study the Vedas for many years.
VERSO 29:
Meu Senhor, se alguém é favorecido mesmo que por um leve indício da misericórdia de Teus pés de lótus, pode compreender a grandeza de Vossa personalidade. Mas aqueles que especulam a fim de compreender a Suprema Personalidade de Deus são in­capazes de conhecer-Vos, muito embora continuem a estudar os Vedas por muitos anos.
Text 30:
My dear Lord, I therefore pray to be so fortunate that in this life as Lord Brahmā or in another life, wherever I take my birth, I may be counted as one of Your devotees. I pray that wherever I may be, even among the animal species, I can engage in devotional service to Your lotus feet.
VERSO 30:
Meu querido Senhor, suplico-Vos, portanto, a fortuna de que, nesta vida, como o senhor Brahmā, ou em outra vida, onde quer que eu nasça, eu seja aceito como um entre os Vossos devotos. Oro para que, onde quer que eu esteja, mesmo entre as espécies ani­mais, eu possa ocupar-me no serviço devocional a Vossos pés de lótus.
Text 31:
O almighty Lord, how greatly fortunate are the cows and ladies of Vṛndāvana, the nectar of whose breast milk You have happily drunk to Your full satisfaction, taking the form of their calves and children! All the Vedic sacrifices performed from time immemorial up to the present day have not given You as much satisfaction.
VERSO 31:
Ó Senhor onipotente, quão grandemente afortunadas são as vacas e as damas de Vṛndāvana, cujo leite nectáreo bebestes com felicidade para Vossa completa satisfação ao assumirdes a forma dos bezerros e filhos delas. Todos os sacrifícios védicos executa­dos desde tempos imemoriais até os dias de hoje não Te deram igual satisfação.
Text 32:
How greatly fortunate are Nanda Mahārāja, the cowherd men and all the other inhabitants of Vrajabhūmi! There is no limit to their good fortune, because the Absolute Truth, the source of transcendental bliss, the eternal Supreme Brahman, has become their friend.
VERSO 32:
Quão grandemente afortunados são Nanda Mahārāja, os vaqueiros e todos os outros habitantes de Vrajabhūmi! A boa fortuna deles é ilimitada, pois a Verdade Absoluta, a fonte da bem-aventurança transcendental, o eterno Brahman Supremo, tornou-Se amigo deles.
Text 33:
Yet even though the extent of the good fortune of these residents of Vṛndāvana is inconceivable, we eleven presiding deities of the various senses, headed by Lord Śiva, are also most fortunate, because the senses of these devotees of Vṛndāvana are the cups through which we repeatedly drink the nectarean, intoxicating beverage of the honey of Your lotus feet.
VERSO 33:
Ainda assim, embora a extensão da boa fortuna desses resi­dentes de Vṛndāvana seja inconcebível, nós, as onze deidades, encabeçadas pelo senhor Śiva, que regemos os vários sentidos, também somos muito afortunados, porque os sentidos desses de­votos de Vṛndāvana são as taças através das quais bebemos repetidas vezes a bebida nectárea e inebriante do mel de Vossos pés de lótus.
Text 34:
My greatest possible good fortune would be to take any birth whatever in this forest of Gokula and have my head bathed by the dust falling from the lotus feet of any of its residents. Their entire life and soul is the Supreme Personality of Godhead, Mukunda, the dust of whose lotus feet is still being searched for in the Vedic mantras.
VERSO 34:
Para mim, a maior boa fortuna possível seria nascer em qual­quer espécie de vida nesta floresta de Gokula e ter minha cabe­ça banhada pela poeira que cai dos pés de lótus de qualquer um de seus residentes. Toda a vida e alma deles é a Suprema Persona­lidade de Deus, Mukunda, a poeira de cujos pés de lótus ainda está sendo procurada nos mantras védicos.
Text 35:
My mind becomes bewildered just trying to think of what reward other than You could be found anywhere. You are the embodiment of all benedictions, which You bestow upon these residents of the cowherd community of Vṛndāvana. You have already arranged to give Yourself to Pūtanā and her family members in exchange for her disguising herself as a devotee. So what is left for You to give these devotees of Vṛndāvana, whose homes, wealth, friends, dear relations, bodies, children and very lives and hearts are all dedicated only to You?
VERSO 35:
Minha mente fica perplexa simplesmente por tentar imaginar que outra recompensa além de Vós poderia ser encontrada em algum lugar. Sois a personificação de todas as bênçãos, as quais conce­deis a esses residentes da comunidade pastoril de Vṛndāvana. Já fizestes o arranjo de Vos entregardes a Pūtanā e aos membros de sua famí­lia em troca de ela ter-se disfarçado de devota. Então, o que ainda resta para dardes a esses devotos de Vṛndāvana, cujos lares, ri­queza, amigos, parentes queridos, corpos, filhos, corações e as próprias vidas estão todos dedicados apenas a Vós?
Text 36:
My dear Lord Kṛṣṇa, until people become Your devotees, their material attachments and desires remain thieves, their homes remain prisons, and their affectionate feelings for their family members remain foot-shackles.
VERSO 36:
Meu querido Senhor Kṛṣṇa, até que as pessoas se tornem Vossos devotos, seus apegos e desejos materiais permanecem ladrões, seus lares continuam prisões, e seus sentimentos afetuosos pelos membros familiares permanecem calcetas.
Text 37:
My dear master, although You have nothing to do with material existence, You come to this earth and imitate material life just to expand the varieties of ecstatic enjoyment for Your surrendered devotees.
VERSO 37:
Meu querido Senhor, embora não tenhais qualquer conexão com a exis­tência material, vindes a esta Terra e imitais a vida material apenas para expandir as variedades de prazer extático ao alcance de Vossos devotos rendidos.
Text 38:
There are people who say, “I know everything about Kṛṣṇa.” Let them think that way. As far as I am concerned, I do not wish to speak very much about this matter. O my Lord, let me say this much: As far as Your opulences are concerned, they are all beyond the reach of my mind, body and words.
VERSO 38:
Existem pessoas que dizem: “Conheço tudo sobre Kṛṣṇa.” Que pensem dessa maneira. Quanto a mim, não desejo falar muito sobre este assunto. Ó meu Senhor, deixai-me dizer apenas isto: “No que diz respeito a Vossas opulências, elas estão além do al­cance de minha mente, corpo e palavras.”
Text 39:
My dear Kṛṣṇa, I now humbly request permission to leave. Actually, You are the knower and seer of all things. Indeed, You are the Lord of all the universes, and yet I offer this one universe unto You.
VERSO 39:
Meu querido Kṛṣṇa, agora humildemente peço permissão para partir. De fato, sois o conhecedor e vidente de tudo. E embora sejais o Senhor de todos os universos, ofereço este universo a Vós.
Text 40:
My dear Śrī Kṛṣṇa, You bestow happiness upon the lotuslike Vṛṣṇi dynasty and expand the great oceans consisting of the earth, the demigods, the brāhmaṇas and the cows. You dispel the dense darkness of irreligion and oppose the demons who have appeared on this earth. O Supreme Personality of Godhead, as long as this universe exists and as long as the sun shines, I will offer my obeisances unto You.
VERSO 40:
Meu querido Śrī Kṛṣṇa, concedeis felicidade à dinastia Vṛṣṇi, que é como um lótus, e expandis os grandes oceanos constituídos da terra, dos semideuses, dos brāhmaṇas e das vacas. Dissipais as densas trevas da irreligião e opondes-Vos aos demônios que apareceram nesta Terra. Ó Suprema Personalidade de Deus, en­quanto existir este universo e enquanto brilhar o Sol, oferecerei minhas reverências a Vós.
Text 41:
Śukadeva Gosvāmī said: Having thus offered his prayers, Brahmā circumambulated his worshipable Lord, the unlimited Personality of Godhead, three times and then bowed down at His lotus feet. The appointed creator of the universe then returned to his own residence.
VERSO 41:
Śukadeva Gosvāmī disse: Após oferecer suas orações, Brahmā circungirou três vezes seu Senhor adorável, a ilimitada Personali­dade de Deus, após o que se prostrou a Seus pés de lótus. O nomeado criador do universo, em seguida, regressou à sua própria resi­dência.
Text 42:
After granting His son Brahmā permission to leave, the Supreme Personality of Godhead took the calves, who were still where they had been a year earlier, and brought them to the riverbank, where He had been taking His meal and where His cowherd boyfriends remained just as before.
VERSO 42:
Após permitir que Seu filho Brahmā partisse, a Suprema Personalidade de Deus pegou os bezerros, que ainda se encontravam no mesmo lugar que tinham estado há um ano, e levou-os à margem do rio, onde Ele estivera almoçando e onde Seus amigos vaqueirinhos permaneciam tal como antes.
Text 43:
O King, although the boys had passed an entire year apart from the Lord of their very lives, they had been covered by Lord Kṛṣṇa’s illusory potency and thus considered that year merely half a moment.
VERSO 43:
Ó rei, embora tivessem passado um ano inteiro longe do Senhor de suas próprias vidas, os meninos haviam sido cobertos pela potência ilusória do Senhor Kṛṣṇa e, em razão disso, consideravam que aquele ano se passara como apenas a metade de um momento.
Text 44:
What indeed is not forgotten by those whose minds are bewildered by the Lord’s illusory potency? By that power of Māyā, this entire universe remains in perpetual bewilderment, and in this atmosphere of forgetfulness no one can understand his own identity.
VERSO 44:
De fato, o que não é esquecido por aqueles cujas mentes são confundidas pela potência ilusória do Senhor? Devido a tal poder de Māyā, o universo inteiro permanece em perpétua desorientação e, nessa atmosfera de esquecimento, ninguém pode entender sua própria identidade.
Text 45:
The cowherd boyfriends said to Lord Kṛṣṇa: You have returned so quickly! We have not eaten even one morsel in Your absence. Please come here and take Your meal without distraction.
VERSO 45:
Os amigos vaqueirinhos disseram ao Senhor Kṛṣṇa: Voltaste tão depressa! Não comemos nem um bocado em Tua ausência. Por favor, vem até aqui e toma Tua refeição sem distrações.
Text 46:
Then Lord Hṛṣīkeśa, smiling, finished His lunch in the company of His cowherd friends. While they were returning from the forest to their homes in Vraja, Lord Kṛṣṇa showed the cowherd boys the skin of the dead serpent Aghāsura.
VERSO 46:
Então, o Senhor Hṛṣīkeśa, sorridente, terminou Seu almoço na companhia de Seus amigos vaqueirinhos. Enquanto voltavam da floresta para suas casas em Vraja, o Senhor Kṛṣṇa mostrou aos vaqueirinhos a pele de Aghāsura, a serpente que fora morta.
Text 47:
Lord Kṛṣṇa’s transcendental body was decorated with peacock feathers and flowers and painted with forest minerals, and His bamboo flute loudly and festively resounded. As He called out to His calves by name, His cowherd boyfriends purified the whole world by chanting His glories. Thus Lord Kṛṣṇa entered the cow pasture of His father, Nanda Mahārāja, and the sight of His beauty at once produced a great festival for the eyes of all the cowherd women.
VERSO 47:
O corpo transcendental do Senhor Kṛṣṇa estava ornado com penas de pavão e flores e pintado com minerais da floresta, e Sua flauta de bambu ressoava bem alto e festiva. Enquanto Ele cha­mava Seus bezerros pelo nome, Seus amigos vaqueirinhos purifi­cavam o mundo inteiro cantando Suas glórias. Dessa maneira, o Senhor Kṛṣṇa entrou nos campos de pastagem de Seu pai, Nanda Mahārāja, e a visão de Sua beleza logo produziu um grande fes­tival para os olhos de todas as vaqueiras.
Text 48:
As the cowherd boys reached the village of Vraja, they sang, “Today Kṛṣṇa saved us by killing a great serpent!” Some of the boys described Kṛṣṇa as the son of Yaśodā, and others as the son of Nanda Mahārāja.
VERSO 48:
Enquanto entravam na vila de Vraja, os vaqueirinhos can­tavam: “Hoje Kṛṣṇa nos salvou matando uma grande serpente!” Alguns dos meninos descreviam Kṛṣṇa como filho de Yaśodā; e outros, como filho de Nanda Mahārāja.
Text 49:
King Parīkṣit said: O brāhmaṇa, how could the cowherd women have developed for Kṛṣṇa, someone else’s son, such unprecedented pure love — love they never felt even for their own children? Please explain this.
VERSO 49:
O rei Parīkṣit disse: Ó brāhmaṇa, como é que as esposas dos vaqueiros desenvolveram por Kṛṣṇa, filho de outrem, um amor puro tão sem precedentes – amor que elas nunca sentiram nem mesmo pelos próprios filhos? Por favor, explica-nos isto.
Text 50:
Śrī Śukadeva Gosvāmī said: O King, for every created being the dearmost thing is certainly his own self. The dearness of everything else — children, wealth and so on — is due only to the dearness of the self.
VERSO 50:
Śrī Śukadeva Gosvāmī disse: Ó rei, para todo ser criado, o que há de mais querido, sem dúvida, é o próprio eu. A afeição por tudo mais – filhos, riquezas e assim por diante – deve-se apenas à afeição pelo eu.
Text 51:
For this reason, O best of kings, the embodied soul is self-centered: he is more attached to his own body and self than to his so-called possessions like children, wealth and home.
VERSO 51:
Por esta razão, ó melhor dos reis, a alma corporificada é autocentrada: ela é mais apegada ao seu corpo e ao próprio eu do que a seus ditos bens, como filhos, riqueza e lar.
Text 52:
Indeed, for persons who think the body is the self, O best of kings, those things whose importance lies only in their relationship to the body are never as dear as the body itself.
VERSO 52:
De fato, para pessoas que pensam que o corpo é o eu, ó melhor dos reis, aqueles objetos cuja importância se encontra apenas em sua relação com o corpo nunca são tão queridos quanto o próprio corpo.
Text 53:
If a person comes to the stage of considering the body “mine” instead of “me,” he will certainly not consider the body as dear as his own self. After all, even as the body is growing old and useless, one’s desire to continue living remains strong.
VERSO 53:
Se alguém chegar ao ponto de considerar o corpo como “meu” em vez de “eu”, decerto não considerará o corpo tão querido quanto o próprio eu. Afinal, mesmo quando o corpo fica velho e inútil, o desejo de continuar vivendo permanece forte.
Text 54:
Therefore it is his own self that is most dear to every embodied living being, and it is simply for the satisfaction of this self that the whole material creation of moving and nonmoving entities exists.
VERSO 54:
Portanto, é o próprio eu que é mais querido a todo ser vivo corporificado, e é apenas para a satisfação desse eu que existe toda a criação material de entidades móveis e inertes.
Text 55:
You should know Kṛṣṇa to be the original Soul of all living entities. For the benefit of the whole universe, He has, out of His causeless mercy, appeared as an ordinary human being. He has done this by the strength of His internal potency.
VERSO 55:
É importante que saibas que Kṛṣṇa é a Alma original de todas as entida­des vivas. Para o benefício do universo inteiro, Ele, por Sua misericórdia imotivada, aparece como um ser humano comum. Ele faz isso graças à Sua própria potência interna.
Text 56:
Those in this world who understand Lord Kṛṣṇa as He is see all things, whether stationary or moving, as manifest forms of the Supreme Personality of Godhead. Such enlightened persons recognize no reality apart from the Supreme Lord Kṛṣṇa.
VERSO 56:
Aqueles neste mundo que compreendem o Senhor Kṛṣṇa como Ele é veem todas as coisas, quer estacionárias, quer móveis, como formas manifestas da Suprema Personalidade de Deus. Seme­lhantes pessoas iluminadas não conhecem nenhuma realidade à parte do Supremo Senhor Kṛṣṇa.
Text 57:
The original, unmanifested form of material nature is the source of all material things, and the source of even that subtle material nature is the Supreme Personality of Godhead, Kṛṣṇa. What, then, could one ascertain to be separate from Him?
VERSO 57:
A forma original imanifesta da natureza material é a fonte de todas as coisas materiais, mas a Suprema Personalidade de Deus, Kṛṣṇa, é a fonte até mesmo dessa natureza material sutil. Então, o que se poderia classificar como sendo à parte dEle?
Text 58:
For those who have accepted the boat of the lotus feet of the Lord, who is the shelter of the cosmic manifestation and is famous as Murāri, the enemy of the Mura demon, the ocean of the material world is like the water contained in a calf’s hoof-print. Their goal is paraṁ padam, Vaikuṇṭha, the place where there are no material miseries, not the place where there is danger at every step.
VERSO 58:
Para alguém que aceitou o barco dos pés de lótus do Senhor, que é o abrigo da manifestação cósmica e é famoso como Murāri, o inimigo do demônio Mura, o oceano do mundo material é como a água contida na pegada de um bezerro. Paraṁ padam, ou o lugar onde não há misérias materiais, ou Vaikuṇṭha, é sua meta, e não o lugar onde se corre perigo a cada passo da vida
Text 59:
Since you inquired from me, I have fully described to you those activities of Lord Hari that were performed in His fifth year but not celebrated until His sixth.
VERSO 59:
Porque me perguntaste, descrevi para ti todas aquelas ativida­des que o Senhor Hari realizou quando tinha cinco anos, mas que não foram celebradas até Seu sexto aniversário.
Text 60:
Any person who hears or chants these pastimes Lord Murāri performed with His cowherd friends — the killing of Aghāsura, the taking of lunch on the forest grass, the Lord’s manifestation of transcendental forms, and the wonderful prayers offered by Lord Brahmā — is sure to achieve all his spiritual desires.
VERSO 60:
Qualquer um que ouvir ou cantar estes passatempos que o Senhor Murāri executou com Seus amigos vaqueirinhos – a morte de Aghāsura, o almoço na relva da floresta, a manifesta­ção das formas transcendentais do Senhor e as maravilhosas preces oferecidas pelo senhor Brahmā – com certeza logrará todos os seus desejos espirituais.
Text 61:
In this way the boys spent their childhood in the land of Vṛndāvana playing hide-and-go-seek, building play bridges, jumping about like monkeys and engaging in many other such games.
VERSO 61:
Dessa maneira, os meninos passaram sua infância na terra de Vṛndāvana a brincar de esconde-esconde, de construir pontes de brinquedo, de pular como macacos e de muitos outros jogos.