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Text 19

VERSO 19

Text

Texto

rājan patir gurur alaṁ bhavatāṁ yadūnāṁ
daivaṁ priyaḥ kula-patiḥ kva ca kiṅkaro vaḥ
astv evam aṅga bhagavān bhajatāṁ mukundo
muktiṁ dadāti karhicit sma na bhakti-yogam
rājan patir gurur alaṁ bhavatāṁ yadūnāṁ
daivaṁ priyaḥ kula-patiḥ kva ca kiṅkaro vaḥ
astv evam aṅga bhagavān bhajatāṁ mukundo
muktiṁ dadāti karhicit sma na bhakti-yogam

Synonyms

Sinônimos

rājan — O King; patiḥ — master; guruḥ — spiritual master; alam — certainly; bhavatām — of your; yadūnām — of the Yadus; daivam — God; priyaḥ — very dear; kula-patiḥ — head of the family; kva — even sometimes; ca — also; kiṅkaraḥ — order carrier; vaḥ — you; astu — there is; evam — thus; aṅga — however; bhagavān — the Supreme Personality of Godhead; bhajatām — those who are in devotional service; mukundaḥ — Lord Kṛṣṇa; muktim — liberation; dadāti — gives; karhicit — sometimes; sma — certainly; na — not; bhakti-yogam — devotional service.

rājan — ó rei; pati — amo; guru — mestre espiritual; alam — com certeza; bhavatām — de tua; yadūnām — dos Yadus; daivam — Deus; priya — muito querido; kulapati — líder da família; kva — embora às vezes; ca — também; kiṅkaraḥ — ordenança; va — tu; astu — há; evam — assim; aṅga — contudo; bhagavān — a Suprema Personalidade de Deus; bhajatām — aqueles que praticam serviço devocional; mukunda — o Senhor Kṛṣṇa; muktim — liberação; dadāti — dá; karhicit — às vezes; sma — com certeza; na — não; bhakti-yogam — serviço devocional.

Translation

Tradução

[The great sage Śukadeva said:] “My dear Mahārāja Parīkṣit, the Supreme Personality of Godhead Kṛṣṇa is always ready to help you. He is your master, guru, God, and very dear friend, and also the head of your family. Yet sometimes He agrees to act as your servant or order-carrier. You are greatly fortunate because this relationship is possible only by bhakti-yoga. The Lord can give liberation [mukti] very easily, but He does not very easily give one bhakti-yoga, because by that process He is bound to the devotee.”

“O grande sábio Nārada disse: ‘Meu querido Mahārāja Yudhiṣṭhira, a Suprema Personalidade de Deus, Kṛṣṇa, está sempre pronto a ajudar-te. Ele é teu amo, guru, Deus, amigo muito querido e líder de tua família. Contudo, às vezes, Ele concorda em agir como teu servo ou atendente. És muito afortunado, pois esse relacionamento só é possível mediante bhakti-yoga. O Senhor pode dar a liberação [mukti] muito facilmente, mas Ele não dá bhakti-yoga a qualquer um, pois, mediante esse processo, o devoto O cativa.’”

Purport

Comentário

This passage is a quotation from Śrīmad-Bhāgavatam (5.6.18). While Śukadeva Gosvāmī was describing the character of Ṛṣabhadeva, he distinguished between bhakti-yoga and liberation by reciting this verse. In relationship with the Yadus and Pāṇḍavas, the Lord acted sometimes as their master, sometimes as their advisor, sometimes as their friend, sometimes as the head of their family and sometimes even as their servant. Kṛṣṇa once had to carry out an order of Yudhiṣṭhira’s by carrying a letter Yudhiṣṭhira had written to Duryodhana regarding peace negotiations. Similarly, He also became the chariot driver of Arjuna. This illustrates that in bhakti-yoga there is a relationship established between the Supreme Personality of Godhead and the devotee. Such a relationship is established in the transcendental mellows known as dāsya, sakhya, vātsalya and mādhurya. If a devotee wants simple liberation, he gets it very easily from the Supreme Personality of Godhead, as confirmed by Bilvamaṅgala Ṭhākura. Muktiḥ svayaṁ mukulitāñjali sevate ’smān: for a devotee, mukti is not very important because mukti is always standing on his doorstep waiting to serve him in some way. A devotee, therefore, must be attracted by the behavior of the inhabitants of Vṛndāvana, who live in a relationship with Kṛṣṇa. The land, water, cows, trees and flowers serve Kṛṣṇa in śānta-rasa, His servants serve Him in dāsya-rasa, and His cowherd friends serve Him in sakhya-rasa. Similarly, the elder gopīs and gopas serve Kṛṣṇa as father and mother, uncle and other relatives, and the young gopīs, the cowherd girls, serve Kṛṣṇa in conjugal love.

SIGNIFICADO—Esta passagem é uma citação do Śrīmad-Bhāgavatam (5.6.18). Ao descrever o caráter de Ṛṣabhadeva, Śukadeva Gosvāmī distinguiu entre bhakti-yoga e liberação, recitando este verso. Em Seu relacionamento com os Yadus e os Pāṇḍavas, o Senhor agia ora como seu mestre, ora como seu conselheiro, ora como seu amigo, ora como o líder de sua família, ora, inclusive, como seu servo. Certa vez, Kṛṣṇa teve que cumprir uma ordem de Yudhiṣṭhira, levando uma carta que este havia escrito a Duryodhana a respeito de negociações de paz. De forma semelhante, Ele também tornou-Se o quadrigário de Arjuna. Isso ilustra que, em bhakti-yoga, há uma relação estabelecida entre a Suprema Personalidade de Deus e o devoto. Tal relação é estabelecida nas doçuras transcendentais conhecidas como dāsya, sakhya, vātsalya e mādhurya. Se um devoto deseja simplesmente a liberação, ele a obtém muito facilmente da Suprema Personalidade de Deus, como o confirma Bilvamaṅgala Ṭhākura. Muktiḥ svayaṁ mukulitāñjali sevate ’smān: para o devoto, mukti não é muito importante, pois mukti encontra-se sempre à sua porta, esperando para servi-lo de alguma maneira. Portanto, o devoto deve deixar-se atrair pelo comportamento dos habitantes de Vṛndāvana, cada um dos quais tem sua relação com Kṛṣṇa. A terra, a água, as vacas, as árvores e as flores servem a Kṛṣṇa em śānta-rasa, os servos de Kṛṣṇa servem a Kṛṣṇa em dāsya-rasa, e os amigos vaqueirinhos de Kṛṣṇa servem-nO em sakhya-rasa. De modo semelhante, as gopīs mais velhas e os gopas servem a Kṛṣṇa como pais e mães, tios e outros parentes, e as gopīs, as mocinhas, servem Kṛṣṇa em amor conjugal.

While executing devotional service, one must be naturally inclined to serve Kṛṣṇa in one of these transcendental relationships. That is the actual success of life. For a devotee, to get liberation is not very difficult. Even one who is unable to establish a relationship with Kṛṣṇa can achieve liberation by merging into the Brahman effulgence. This is called sāyujya-mukti. Vaiṣṇavas never accept sāyujya-mukti, although sometimes they accept the other forms of liberation, namely sārūpya, sālokya, sāmīpya and sārṣṭi. A pure devotee, however, does not accept any kind of mukti. He wants only to serve Kṛṣṇa in a transcendental relationship. This is the perfectional stage of spiritual life. Māyāvādī philosophers desire to merge into the existence of the Brahman effulgence, although this aspect of liberation is always neglected by devotees. Śrīla Prabodhānanda Sarasvatī Ṭhākura, describing this kind of mukti, which is called kaivalya, or becoming one with the Supreme, has said, kaivalyaṁ narakāyate: “Becoming one with the Supreme is as good as going to hell.” Therefore the ideal of Māyāvāda philosophy, becoming one with the Supreme, is hellish for a devotee; he never accepts it. Māyāvādī philosophers do not know that even if they merge into the effulgence of the Supreme, this will not give them ultimate rest. An individual soul cannot live in the Brahman effulgence in a state of inactivity; after some time, he must desire to be active. However, since he is not aware of his relationship with the Supreme Personality of Godhead and therefore has no spiritual activity, he must come down for further activities in this material world. This is confirmed in Śrīmad-Bhāgavatam (10.2.32):

Na prática do serviço devocional, é preciso sentir-se naturalmente inclinado a servir Kṛṣṇa em um desses relacionamentos transcendentais. Esse é o verdadeiro sucesso da vida. Para um devoto, obter a liberação não é muito difícil. Mesmo quem não consegue estabelecer uma relação com Kṛṣṇa pode alcançar a liberação, fundindo-se na refulgência Brahman. Isso se chama sāyujya-mukti. Os vaiṣṇavas não aceitam sāyujya-mukti de forma alguma, embora às vezes aceitem as outras formas de liberação, a saber, sārūpya, sālokya, sāmīpya e sārṣṭi. O devoto puro, contudo, não aceita nenhuma espécie de mukti: ele só quer servir a Kṛṣṇa numa relação transcendental. Essa é a fase de perfeição na vida espiritual. Os filósofos māyāvādīs desejam fundir-se na existência da refulgência Brahman, embora esse aspecto de liberação seja sempre posto de lado pelos devotos. Śrīla Prabodhānanda Sarasvatī Ṭhākura, descrevendo essa classe de mukti, que se chama kaivalya, ou seja, tornar-se uno com o Supremo, diz que kaivalyaṁ narakāyate: “Tornar-se uno com o Supremo é como ir para o inferno.” Portanto, o ideal da filosofia māyāvāda, tornar-se uno com o Supremo, é infernal para o devoto – este nunca o aceita. Os filósofos māyāvādīs não sabem que, mesmo que se fundam na refulgência do Supremo, não conseguirão com isso o descanso último. A alma individual não pode viver na refulgência Brahman em estado de inatividade: após algum tempo, terá desejo de agir. Porém, por não ter relação com a Suprema Personalidade de Deus e não ter, portanto, atividades espirituais, terá que descer para buscar atividades neste mundo material. Confirma-se isso no Śrīmad-Bhāgavatam (10.2.32):

āruhya kṛcchreṇa paraṁ padaṁ tataḥ
patanty adho ’nādṛta-yuṣmad-aṅghrayaḥ
āruhya kṛcchreṇa paraṁ padaṁ tataḥ
patanty adho ’nādṛta-yuṣmad-aṅghrayaḥ

Because Māyāvādī philosophers have no information regarding the transcendental service of the Lord, even after attaining liberation from material activities and merging into the Brahman effulgence, they must come down again to this material world to open hospitals or schools or perform similar philanthropic activities.

Como os filósofos māyāvādīs não têm informação a respeito do transcendental serviço ao Senhor, eles, mesmo após se libertarem das atividades materiais e fundirem-se na refulgência Brahman, serão obrigados a descer a este mundo material, onde se dedicarão a abrir hospitais ou escolas, ou a realizar atividades filantrópicas semelhantes.