Skip to main content

CAPÍTULO VINTE E UM

Os Movimentos do Sol

Este capítulo nos informa sobre os movimentos do Sol. O Sol não está parado; como os outros planetas, ele também se move. Os movimentos do Sol determinam a duração do dia e da noite. Ao percorrer o norte do equador, o Sol se move vagarosamente durante o dia e muito rapidamente à noite, aumentando, assim, a duração do dia e diminuindo a duração da noite. Então, ao percorrer o sul do equador, ocorre o fenômeno oposto – a duração do dia diminui e a duração da noite aumenta. Quando o Sol entra em Karkaṭa-rāśi (Câncer) e depois viaja até Siṁha-rāśi (Leão), e, progredindo mais, percorre Dhanuḥ-rāśi (Sagitário), sua rota se chama Dakṣiṇāyana, o percurso sul, e quando entra em Makara-rāśi (Capricórnio) e depois viaja por Kumbha-rāśi (Aquário) e, mais adiante, percorre Mithuna-rāśi (Gêmeos), sua rota se chama Uttarāyaṇa, o percurso norte. Quando está em Meṣa-rāśi (Áries) e Tulā-rāśi (Libra), a duração do dia e da noite é igual.

Sobre a montanha Mānasottara, encontram-se as moradas de quatro semideuses. A leste da montanha Sumeru, está Devadhānī, onde vive o rei Indra, ao passo que, ao sul de Sumeru, encontra-se Saṁyamanī, a morada de Yamarāja, o superintendente da morte. Do mesmo modo, a oeste de Sumeru, figura Nimlocanī, a morada de Varuṇa, o semideus que controla a água, e, ao norte de Sumeru, está Vibhāvarī, onde vive o semideus da Lua. O alvorecer, o meio-dia, o pôr do sol e a meia-noite ocorrem em todos esses lugares por causa dos movimentos do Sol. Diametralmente oposto ao lugar onde o Sol nasce e é visto pelos olhos humanos, ele estará se pondo e se escondendo da visão humana. Do mesmo modo, as pessoas que residem no ponto diametralmente oposto ao lugar onde ele está ao meio-dia experimentam a meia-noite. O Sol nasce e se põe juntamente com todos os outros planetas, liderados pela Lua e outros luzeiros.

Todo o kāla-cakra, ou a roda do tempo, está estabelecido na roda da quadriga do deus do Sol. Essa roda é conhecida como Saṁvatsara. Os sete cavalos que puxam a quadriga do Sol são conhecidos como Gāyatrī, Bṛhatī, Uṣṇik, Jagatī, Triṣṭup, Anuṣṭup e Paṅkti. O semideus Aruṇadeva coloca-lhes os arreios, atrelando-os a uma canga de 900.000 yojanas de largura. Assim, a quadriga transporta Ādityadeva, o deus do Sol. Permanecendo sempre na frente do deus do Sol e lhe oferecendo suas orações, estão sessenta mil sábios conhecidos como Vālikhilyas. Existem quatorze Gandharvas, Apsarās e outros semideuses, que se dividem em sete grupos e que todos os meses realizam atividades ritualísticas para adorar a Superalma através do deus do Sol, de acordo com diferentes nomes. Assim, o deus do Sol viaja pelo universo, em um percurso de 95.100.000 yojanas (1.218.000.000 de quilômetros), à velocidade de 25.606 quilômetros a cada instante.

Texto

śrī-śuka uvāca
etāvān eva bhū-valayasya sanniveśaḥ pramāṇa-lakṣaṇato vyākhyātaḥ.

Sinônimos

śrī-śukaḥ uvāca — Śrī Śukadeva Gosvāmī disse; etāvān — esse tanto; eva — decerto; bhū-valayasya sanniveśaḥ — o arranjo de todo o universo; pramāṇa-lakṣaṇataḥ — de acordo com a medida (quinhentos milhões de yojanas ou seis bilhões e quatrocentos milhões de quilômetros de largura e comprimento) e características; vyākhyātaḥ — calculado.

Tradução

Śukadeva Gosvāmī disse: Meu querido rei, até então descrevi o diâmetro do universo [quinhentos milhões de yojanas, ou seis bilhões e quatrocentos milhões de quilômetros] e suas características gerais, de acordo com as estimativas de estudiosos eruditos.

Texto

etena hi divo maṇḍala-mānaṁ tad-vida upadiśanti yathā dvi-dalayor niṣpāvādīnāṁ te antareṇāntarikṣaṁ tad-ubhaya-sandhitam.

Sinônimos

etena — mediante este cálculo; hi — na verdade; divaḥ — do sistema planetário superior; maṇḍala-mānam — a medida do globo; tat-vidaḥ — os peritos que sabem disso; upadiśanti — ensinam; yathā — assim como; dvi-dalayoḥ — nas duas metades; niṣpāva-ādīnām — do grão tal como o trigo; te — das duas divisões; antareṇa — no espaço intermediário; antarikṣam — o céu ou espaço exterior; tat — pelas duas; ubhaya — em ambos os lados; sandhitam — onde as duas partes se unem.

Tradução

Assim como se dividindo um grão de trigo em duas partes é possível calcular o tamanho da parte superior conhecendo o tamanho da inferior, do mesmo modo, ensinam os geógrafos peritos que se podem entender as medidas da parte superior do universo conhecendo as medidas da parte inferior. O espaço entre a esfera terrestre e a esfera celestial se chama antarikṣa, ou espaço exterior. Ele une o topo da esfera terrestre à base da esfera celestial.

Texto

yan-madhya-gato bhagavāṁs tapatāṁ patis tapana ātapena tri-lokīṁ pratapaty avabhāsayaty ātma-bhāsā sa eṣa udagayana-dakṣiṇāyana-vaiṣuvata-saṁjñābhir māndya-śaighrya-samānābhir gatibhir ārohaṇāvarohaṇa-samāna-sthāneṣu yathā-savanam abhipadyamāno makarādiṣu rāśiṣv aho-rātrāṇi dīrgha-hrasva-samānāni vidhatte.

Sinônimos

yat — do qual (espaço intermediário); madhya-gataḥ — estando situado no meio; bhagavān — o mais poderoso; tapatām patiḥ — o senhor daqueles que aquecem todo o universo; tapanaḥ — o Sol; ātapena — com o calor; tri-lokīm — os três mundos; pratapati — aquece; avabhāsayati — ilumina; ātma-bhāsā — com seus próprios raios luminosos; saḥ — este; eṣaḥ — o globo solar; udagayana — de passar para o lado norte do equador; dakṣiṇa-ayana — de passar para o lado sul do equador; vaiṣuvata — ou de passar pelo equador; saṁjñābhiḥ — por diferentes nomes; māndya — caracterizado pela lentidão; śaighrya — rapidez; samānābhiḥ — e pela igualdade; gatibhiḥ — pelo movimento; ārohaṇa — de nascer; avarohaṇa — de se pôr; samāna — ou de permanecer no meio; sthāneṣu — nas posições; yathā-savanam — de acordo com a ordem da Suprema Personalidade de Deus; abhipadyamānaḥ — movendo-se; makara-ādiṣu — encabeçados pelo signo de Makara (Capricórnio); rāśiṣu — em diferentes signos; ahaḥ-rātrāṇi — os dias e as noites; dīrgha — longos; hrasva — curtos; samānāni — iguais; vidhatte — faz.

Tradução

No meio dessa região do espaço exterior [antarikṣa], fica o opulentíssimo Sol, o rei de todos os planetas que emitem calor, tais como a Lua. Pela influência de sua radiação, o Sol aquece o universo e o mantém na devida ordem. Ele também fornece luz para ajudar todas as entidades vivas a verem. Enquanto passa pelo norte, pelo sul ou pelo equador, de acordo com a ordem da Suprema Personalidade de Deus, afirma-se que ele move-se vagarosa, rápida ou moderadamente. De acordo com os movimentos através dos quais ele nasce, põe-se ou passa pelo equador – e, correspondentemente, entra em contato com vários signos do zodíaco, a começar por Makara [Capricórnio] –, os dias e as noites são curtos, longos ou de igual duração.

Comentário

SIGNIFICADO—O senhor Brahmā ora em sua Brahma-saṁhitā (5.52):

yac cakṣur eṣa savitā sakala-grahāṇāṁ
rājā samasta-sura-mūrtir aśeṣa-tejāḥ
yasyājñayā bhramati saṁbhṛta-kāla-cakro
govindam ādi-puruṣaṁ tam ahaṁ bhajāmi

“Adoro Govinda, o Senhor primordial, a Suprema Personalidade de Deus, sob cujo controle até mesmo o Sol, que é considerado o olho do Senhor, gira dentro da órbita fixada pelo tempo eterno. O Sol é o rei de todos os sistemas planetários e tem ilimitada potência de calor e luz.” Embora seja descrito como bhagavān, o mais poderoso, e embora seja realmente o mais poderoso planeta dentro do universo, o Sol tem que cumprir a ordem de Govinda, Kṛṣṇa. O deus do Sol não pode desviar-se sequer um centímetro da órbita que lhe é designada. Portanto, em todas as esferas de vida, executa-se a ordem suprema da Suprema Personalidade de Deus. Toda a natureza material cumpre Suas ordens. Contudo, vemos tolamente as atividades da natureza material sem compreendermos que, por trás disso, estão a ordem suprema e a Pessoa Suprema. Como se confirma na Bhagavad-gītā (9.10), mayādhyakṣeṇa prakṛtiḥ: a natureza material executa as ordens do Senhor, e assim tudo se mantém de maneira organizada.

Texto

yadā meṣa-tulayor vartate tadāho-rātrāṇi samānāni bhavanti yadā vṛṣabhādiṣu pañcasu ca rāśiṣu carati tadāhāny eva vardhante hrasati ca māsi māsy ekaikā ghaṭikā rātriṣu.

Sinônimos

yadā — quando; meṣa-tulayoḥ — em Meṣa (Áries) e Tulā (Libra); vartate — o Sol existe; tadā — nesse momento; ahaḥ-rātrāṇi — os dias e as noites; samānāni — iguais em duração; bhavanti — são; yadā — quando; vṛṣabha-ādiṣu — liderados por Vṛṣabha (Touro) e Mithuna (Gêmeos); pañcasu — nos cinco; ca — também; rāśiṣu — signos; carati — move-se; tadā — nesse momento; ahāni — os dias; eva — decerto; vardhante — aumentam; hrasati — diminui; ca — e; māsi māsi — em cada mês; eka-ekā — uma; ghaṭikā — meia hora; rātriṣu — nas noites.

Tradução

Quando o Sol passa por Meṣa [Áries] e Tulā [Libra], a duração do dia e da noite é igual. Quando ele passa pelos cinco signos liderados por Vṛṣabha [Touro], a duração dos dias aumenta [até Câncer], e depois gradualmente diminui meia hora por mês, até que o dia e a noite voltam a se tornar iguais [em Libra].

Texto

yadā vṛścikādiṣu pañcasu vartate tadāho-rātrāṇi viparyayāṇi bhavanti.

Sinônimos

yadā — quando; vṛścika-ādiṣu — liderados por Vṛścika (Escorpião); pañcasu — cinco; vartate — permanece; tadā — nesse momento; ahaḥ-rātrāṇi — os dias e as noites; viparyayāṇi — o oposto (a duração do dia diminui, e a da noite aumenta); bhavanti — são.

Tradução

Quando o Sol passa pelos cinco signos que começam com Vṛścika [Escorpião], a duração dos dias diminui [até Capricórnio], e depois aumenta gradualmente mês após mês, até que o dia e a noite se tornam iguais [em Áries].

Texto

yāvad dakṣiṇāyanam ahāni vardhante yāvad udagayanaṁ rātrayaḥ.

Sinônimos

yāvat — até; dakṣiṇaayanam – o Sol passar para o lado sul; ahāni — os dias; vardhante — aumentam; yāvat — até; udagayanam — o Sol passar para o lado norte; rātrayaḥ — as noites.

Tradução

Até o Sol viajar para o sul, os dias vão se tornando mais longos, e até ele viajar para o norte, as noites ficam mais longas.

Texto

evaṁ nava koṭaya eka-pañcāśal-lakṣāṇi yojanānāṁ mānasottara-giri-parivartanasyopadiśanti tasminn aindrīṁ purīṁ pūrvasmān meror devadhānīṁ nāma dakṣiṇato yāmyāṁ saṁyamanīṁ nāma paścād vāruṇīṁ nimlocanīṁ nāma uttarataḥ saumyāṁ vibhāvarīṁ nāma tāsūdaya-madhyāhnāstamaya-niśīthānīti bhūtānāṁ pravṛtti-nivṛtti-nimittāni samaya-viśeṣeṇa meroś catur-diśam.

Sinônimos

evam — assim; nava — nove; koṭayaḥ — dez milhões; eka-pañcāśat — cinquenta e um; lakṣāṇi — cem mil; yojanānām — de yojanas; mānasottara-giri — da montanha conhecida como Mānasottara; parivartanasya — do contorno; upadiśanti — eles (sábios eruditos) ensinam; tasmin — nessa (montanha Mānasottara); aindrīm — do rei Indra; purīm — a cidade; pūrvasmāt — no lado leste; meroḥ — da montanha Sumeru; devadhānīm — Devadhānī; nāma — chamada; dakṣiṇataḥ — no lado sul; yāmyām — de Yamarāja; saṁyamanīm — Saṁyamanī; nāma — chamada; paścāt — no lado oeste; vāruṇīm — de Varuṇa; nimlocanīm — Nimlocanī; nāma — chamada; uttarataḥ — no lado norte; saumyām — da Lua; vibhāvarīm — Vibhāvarī; nāma — chamada; tāsu — em todas elas; udaya — alvorecer; madhyāhna — meio-dia; astamaya — pôr do sol; niśīthāni — meia-noite; iti — assim; bhūtānām — das entidades vivas; pravṛtti — das atividades; nivṛtti — e a cessação das atividades; nimittāni — as causas; samaya-viśeṣeṇa — pelos tempos específicos; meroḥ — da montanha Sumeru; catuḥ-diśam — os quatro lados.

Tradução

Śukadeva Gosvāmī prosseguiu: Meu querido rei, como se afirmou antes, os eruditos dizem que o Sol viaja em torno da montanha Mānasottara, em um círculo cuja extensão é de 95.100.000 yojanas [1.217.000.000 de quilômetros]. Na montanha Mānasottara, diretamente a leste da montanha Sumeru, há um local conhecido como Devadhānī, de propriedade do rei Indra. Do mesmo modo, ao sul fica um local conhecido como Saṁyamanī, propriedade de Yamarāja, a oeste há um lugar conhecido como Nimlocanī, pertencente a Varuṇa, e ao norte fica um lugar chamado Vibhāvarī, pertencente ao deus da Lua. O alvorecer, o meio-dia, o pôr do sol e a meia-noite ocorrem em todos esses lugares de acordo com tempos específicos, mantendo assim todas as entidades vivas em seus vários deveres ocupacionais e também determinando o momento em que elas devem cessar tais deveres.

Texto

tatratyānāṁ divasa-madhyaṅgata eva sadādityas tapati savyenācalaṁ dakṣiṇena karoti; yatrodeti tasya ha samāna-sūtra-nipāte nimlocati yatra kvacana syandenābhitapati tasya haiṣa samāna-sūtra-nipāte prasvāpayati tatra gataṁ na paśyanti ye taṁ samanupaśyeran.

Sinônimos

tatratyānām — para as entidades vivas que residem no monte Meru; divasa-madhyaṅgataḥ — estando posicionado como durante o meio-dia; eva — na verdade; sadā — sempre; ādityaḥ — o Sol; tapati — aquece; savyena — à esquerda; acalam — montanha Sumeru; dakṣiṇena — à direita (sendo impelido pelo vento que sopra para a direita, o Sol se move para a direita); karoti — move-se; yatra — o ponto onde; udeti — ele se levanta; tasya — dessa posição; ha — decerto; samāna-sūtra-nipāte — no ponto diametralmente oposto; nimlocati — o Sol se põe; yatra — onde; kvacana — em alguma parte; syandena — com a transpiração; abhitapati — aquece (ao meio-dia); tasya — desta; ha — com certeza; eṣaḥ — este (o Sol); samāna-sūtra-nipāte — no ponto diametralmente oposto; prasvāpayati — o Sol faz dormir (como se fosse meia-noite); tatra — ali; gatam — tendo ido; na paśyanti — não veem; ye — quem; tam — o pôr do sol; samanupaśyeran — vendo.

Tradução

As entidades vivas que residem na montanha Sumeru sempre estão quentes, como acontece ao meio-dia, pois, para elas, o Sol sempre está a pino. Embora o Sol se mova no sentido anti-horário, de frente para as constelações e com a montanha Sumeru à sua esquerda, ele também se move no sentido horário e parece ter a montanha à sua direita porque é influenciado pelo vento dakṣiṇāvarta. As pessoas que vivem nas regiões localizadas em pontos diametralmente opostos ao local onde se detecta o nascer do Sol, verão o Sol se pondo, e caso se traçasse uma linha reta de um ponto onde o Sol está ao meio-dia, as pessoas nas regiões situadas no lado oposto da linha estariam em plena meia-noite. Igualmente, se as pessoas que residem onde o Sol se põe fossem visitar regiões localizadas diametralmente opostas, não veriam o Sol nas mesmas condições.

Texto

yadā caindryāḥ puryāḥ pracalate pañcadaśa-ghaṭikābhir yāmyāṁ sapāda-koṭi-dvayaṁ yojanānāṁ sārdha-dvādaśa-lakṣāṇi sādhikāni copayāti.

Sinônimos

yadā — quando; ca — e; aindryāḥ — de Indra; puryāḥ — da residência; pracalate — move-se; pañcadaśa — por quinze; ghaṭikābhiḥ — meias horas (na verdade, vinte e quatro minutos); yāmyām — para a residência de Yamarāja; sapāda-koṭi-dvayam — dois koṭis e um quarto (22.500.000); yojanānām — de yojanas; sārdha — e meia; dvādaśa-lakṣāṇi — um milhão e duzentos mil; sādhikāni — mais vinte e cinco mil; ca — e; upayāti — ele passa por.

Tradução

Ao viajar de Devadhānī, a residência de Indra, até Saṁyamanī, a residência de Yamarāja, o Sol percorre 23.775.000 yojanas [304.320.000 quilômetros] em quinze ghaṭikās [seis horas].

Comentário

SIGNIFICADO—A distância indicada pela palavra sādhikāni é pañca-viṁśati-sahasrādhikāni, ou 25.000 yojanas. Isso mais dois koṭis e um quarto adicionados a doze e meio lakṣas de yojanas é a distância que o Sol percorre entre essas duas cidades. Isso perfaz 23.775.000 yojanas, ou 304.320.000 quilômetros. A órbita total do Sol é quatro vezes essa distância, ou 95.100.000 yojanas (1.217.280.000 quilômetros).

Texto

evaṁ tato vāruṇīṁ saumyām aindrīṁ ca punas tathānye ca grahāḥ somādayo nakṣatraiḥ saha jyotiś-cakre samabhyudyanti saha vā nimlo-canti.

Sinônimos

evam — dessa maneira; tataḥ — dali; vāruṇīm — para a residência onde vive Varuṇa; saumyām — para a residência onde vive a Lua; aindrīṁ ca — e para a residência onde vive Indra; punaḥ — novamente; tathā — assim também; anye — os outros; ca — também; grahāḥ — planetas; soma-ādayaḥ — liderados pela Lua; nakṣatraiḥ — todas as estrelas; saha — com; jyotiḥ-cakre — na esfera celestial; samabhyudyanti — surgem; saha — juntamente com; — ou; nimlocanti — põem-se.

Tradução

Da residência de Yamarāja, o Sol viaja até Nimlocanī, a residência de Varuṇa, de onde vai até Vibhāvarī, a residência do deus da Lua, e daí segue rumo à residência de Indra. De modo semelhante, a Lua, juntamente com outras estrelas e planetas, torna-se visível na esfera celestial e depois se põe e volta a se tornar invisível.

Comentário

SIGNIFICADO—Na Bhagavad-gītā (10.21), Kṛṣṇa diz que nakṣatrāṇām ahaṁ śaśī: “Entre as estrelas, Eu sou a Lua.” Isso indica que a Lua é semelhante às outras estrelas. A literatura védica nos informa que, dentro deste universo, existe um Sol, que está se movendo. A teoria ocidental de que todos os luzeiros no céu são diferentes sóis não é confirmada pela literatura védica. Tampouco podemos concordar que esses luzeiros sejam os sóis de outros universos, pois cada universo é coberto por várias camadas de elementos materiais, em virtude do que, embora os universos formem grupos compactos, não podemos ver através dos universos. Em outras palavras, tudo o que vemos está dentro deste universo. Em cada universo, existe um senhor Brahma, e existem outros semideuses em outros planetas, mas o Sol é apenas um.

Texto

evaṁ muhūrtena catus-triṁśal-lakṣa-yojanāny aṣṭa-śatādhikāni sauro rathas trayīmayo ’sau catasṛṣu parivartate purīṣu.

Sinônimos

evam — assim; muhūrtena — em um muhūrta (quarenta e oito minutos); catuḥ-triṁśat — trinta e quatro; lakṣa — cem mil; yojanāniyojanas; aṣṭa-śatādhikāni — somando-se oitocentos; sauraḥ rathaḥ — a quadriga do deus do Sol; trayī-mayaḥ — que é adorado com o mantra Gāyatrī (oṁ bhūr bhuvaḥ svaḥ tat savitur etc.); asau — esta; catasṛṣu — em direção aos quatro; parivartate — ele se move; purīṣu — por diferentes domicílios.

Tradução

Assim, a quadriga do deus do Sol, o qual é trayīmaya, ou adorado com as palavras oṁ bhūr bhuvaḥ svaḥ, viaja pelas quatro residências acima mencionadas à velocidade de 3.400.800 yojanas [43.530.200 quilômetros] em um muhūrta.

Texto

yasyaikaṁ cakraṁ dvādaśāraṁ ṣaṇ-nemi tri-ṇābhi saṁvatsarātmakaṁ samāmananti tasyākṣo meror mūrdhani kṛto mānasottare kṛtetara-bhāgo yatra protaṁ ravi-ratha-cakraṁ taila-yantra-cakravad bhraman mānasottara-girau paribhramati.

Sinônimos

yasya — da qual; ekam — uma; cakram — roda; dvādaśa — doze; aram — raios; ṣaṭ — seis; nemi — os segmentos do aro; tri-ṇābhi — os três fragmentos do cubo; saṁvatsara-ātmakam — cuja natureza é um saṁvatsara; samāmananti — eles descrevem plenamente; tasya — a quadriga do deus do Sol; akṣaḥ — o eixo; meroḥ — da montanha Sumeru; mūrdhani — no topo; kṛtaḥ — fixado; mānasottare — na montanha conhecida como Mānasottara; kṛta — fixada; itara-bhāgaḥ — a outra extremidade; yatra — onde; protam — fixada em; ravi-rathacakram – a roda da quadriga do deus do Sol; taila-yantra-cakra-vat — como a roda de uma prensa construída para extrair óleo de sementes; bhramat — movendo-se; mānasottara-girau — na montanha Mānasottara; paribhramati — gira.

Tradução

A quadriga do deus do Sol tem apenas uma roda, conhecida como Saṁvatsara. Calcula-se que os doze meses são seus doze raios, as seis estações são as seções de seu aro, e os três períodos de cāturmāsya são seu cubo tripartido. Uma extremidade do eixo que suporta a roda repousa no topo do monte Sumeru, e a outra repousa na montanha Mānasottara. Afixada à extremidade externa do eixo, a roda gira continuamente sobre a montanha Mānasottara, como a roda de uma prensa com que se extrai óleo de sementes.

Texto

tasminn akṣe kṛtamūlo dvitīyo ’kṣas turyamānena sammitas taila-yantrākṣavad dhruve kṛtopari-bhāgaḥ.

Sinônimos

tasmin akṣe — nesse eixo; kṛta-mūlaḥ — cuja base é fixa; dvitīyaḥ — um segundo; akṣaḥ — eixo; turyamānena — por um quarto; sammitaḥ — medindo; taila-yantra-akṣa-vat — como o eixo de uma prensa para extração de óleo de sementes; dhruve — Dhruvaloka; kṛta — fixada em; upari-bhāgaḥ — porção superior.

Tradução

Como em uma prensa para extração de óleo de sementes, esse primeiro eixo está acoplado ao segundo eixo, que mede um quarto em tamanho [3.937.500 yojanas, ou 50.400.000 quilômetros]. A extremidade superior desse segundo eixo está fixada em Dhruvaloka por uma corda de vento.

Texto

ratha-nīḍas tu ṣaṭ-triṁśal-lakṣa-yojanāyatas tat-turīya-bhāga-viśālas tāvān ravi-ratha-yugo yatra hayāś chando-nāmānaḥ saptāruṇa-yojitā vahanti devam ādityam.

Sinônimos

ratha-nīḍaḥ — o interior da quadriga; tu — mas; ṣaṭ-triṁśat-lakṣa-yojana-āyataḥ — 3.600.000 yojanas de comprimento; tat-turīyabhāga — um quarto dessa medida (900.000 yojanas); viśālaḥ — tendo a largura; tāvān — esse tanto, também; ravi-ratha-yugaḥ — a canga para os cavalos; yatra — onde; hayāḥ — cavalos; chandaḥ-nāmānaḥ — tendo os diversos nomes das métricas védicas; sapta — sete; aruṇa-yojitāḥ — atrelados por Aruṇadeva; vahanti — carregam; devam — o semideus; ādityam — o deus do Sol.

Tradução

Meu querido rei, calcula-se que o carro da quadriga do deus do Sol tem 3.600.000 yojanas [46.080.000 quilômetros] de comprimento, e que sua largura, medindo um quarto do comprimento, é de 900.000 yojanas [11.520.000 quilômetros]. Os cavalos da quadriga, cujos nomes lhes são emprestados do Gāyatrī e de outras métricas védicas, usam arreios que Aruṇadeva lhes coloca e, então, atrela-os a uma canga cuja largura também é de 900.000 yojanas. Essa quadriga carrega continuamente o deus do Sol.

Comentário

SIGNIFICADO—No Viṣṇu Purāṇa, afirma-se:

gāyatrī ca bṛhaty uṣṇig
jagatī triṣṭup eva ca
anuṣṭup paṅktir ity uktāś
chandāṁsi harayo raveḥ

Os sete cavalos atrelados à quadriga do deus do Sol se chamam Gāyatrī, Bṛhati, Uṣṇik, Jagatī, Triṣṭup, Anuṣṭup e Paṅkti. Esses nomes de várias métricas védicas designam os sete cavalos que puxam a quadriga do deus do Sol.

Texto

purastāt savitur aruṇaḥ paścāc ca niyuktaḥ sautye karmaṇi kilāste.

Sinônimos

purastāt — em frente; savituḥ — ao deus do Sol; aruṇaḥ — o semideus chamado Aruṇa; paścāt — olhando para trás; ca — e; niyuktaḥ — ocupado; sautye — de um quadrigário; karmaṇi — no trabalho; kila — decerto; āste — permanece.

Tradução

Embora fique sentado na frente do deus do Sol e se ocupe em conduzir a quadriga e controlar os cavalos, Aruṇadeva olha para trás, em direção ao deus do Sol.

Comentário

SIGNIFICADO—O Vāyu Purāṇa descreve a posição dos cavalos:

saptāśva-rūpa-cchandāṁsī
vahante vāmato ravim
cakra-pakṣa-nibaddhāni
cakre vākṣaḥ samāhitaḥ

Embora esteja no assento dianteiro, controlando os cavalos, Aruṇadeva olha para trás, vendo o deus do Sol à sua esquerda.

Texto

tathā vālikhilyā ṛṣayo ’ṅguṣṭha-parva-mātrāḥ ṣaṣṭi-sahasrāṇi purataḥ sūryaṁ sūkta-vākāya niyuktāḥ saṁstuvanti.

Sinônimos

tathā — lá; vālikhilyāḥ — Vālikhilyas; ṛṣayaḥ — grandes sábios; aṅguṣṭha-parva-mātrāḥ — cujo tamanho é o de um polegar; ṣaṣṭi-sahasrāṇi — sessenta mil; purataḥ — em frente; sūryam — ao deus do Sol; su-ukta-vākāya — em falar com eloquência; niyuktāḥ — ocupados; saṁstuvanti — oferecem orações.

Tradução

Existem sessenta mil santos chamados Vālikhilyas, cada um deles do tamanho de um polegar, que se situam diante do deus do Sol e lhe oferecem eloquentes orações de glorificação.

Texto

tathānye ca ṛṣayo gandharvāpsaraso nāgā grāmaṇyo yātudhānā devā ity ekaikaśo gaṇāḥ sapta caturdaśa māsi māsi bhagavantaṁ sūryam ātmānaṁ nānā-nāmānaṁ pṛthaṅ-nānā-nāmānaḥ pṛthak-karmabhir dvandvaśa upāsate.

Sinônimos

tathā — igualmente; anye — outras; ca — também; ṛṣayaḥ — pessoas santas; gandharva-apsarasaḥ — Gandharvas e Apsarās; nāgāḥ — serpentes Nāgas; grāmaṇyaḥ — Yakṣas; yātudhānāḥ — Rākṣasas; devāḥ — semideuses; iti — assim; eka-ekaśaḥ — um por um; gaṇāḥ — grupos; sapta — sete; caturdaśa — em número de quatorze; māsi māsi — em cada mês; bhagavantam — ao poderosíssimo semideus; sūryam — o deus do Sol; ātmānam — a vida do universo; nānā — vários; nāmānam — que possui nomes; pṛthak — separados; nānā-nāmānaḥ — tendo vários nomes; pṛthak — separadas; karmabhiḥ — por cerimônias ritualísticas; dvandvaśaḥ — em grupos de dois; upāsate — adoram.

Tradução

Do mesmo modo, outros quatorze santos, os Gandharvas, as Apsarās, os Nāgas, os Yakṣas, os Rākṣasas e semideuses, que se dividem aos pares, assumem diferentes nomes todos os meses e continuamente executam diferentes cerimônias ritualísticas para adorar o Senhor Supremo como o poderosíssimo semideus Sūryadeva, que tem muitos nomes.

Comentário

SIGNIFICADO—No Viṣṇu Purāṇa, declara-se:

stuvanti munayaḥ sūryaṁ
gandharvair gīyate puraḥ
nṛtyanto ’psaraso yānti
sūryasyānu niśācarāḥ
vahanti pannagā yakṣaiḥ
kriyate ’bhiṣusaṅgrahaḥ
vālikhilyās tathaivainaṁ
parivārya samāsate
so ’yaṁ sapta-gaṇaḥ sūrya-
maṇḍale muni-sattama
himoṣṇa vāri-vṛṣṭīṇāṁ
hetutve samayaṁ gataḥ

Adorando o poderosíssimo semideus Sūrya, os Gandharvas cantam diante dele, as Apsarās dançam diante de sua quadriga, os Niśācaras seguem a quadriga, os Pannagas decoram a quadriga, os Yakṣas protegem a quadriga e os santos chamados Vālikhilyas cercam o deus do Sol e lhe oferecem orações. Os sete grupos de quatorze associados determinam as épocas adequadas à neve, ao calor e às chuvas regulares em todo o universo.

Texto

lakṣottaraṁ sārdha-nava-koṭi-yojana-parimaṇḍalaṁ bhū-valayasya kṣaṇena sagavyūty-uttaraṁ dvi-sahasra-yojanāni sa bhuṅkte.

Sinônimos

lakṣa-uttaram — somando-se 100.000; sārdha — a 5.000.000; nava-koṭi-yojana — de 90.000.000 de yojanas; parimaṇḍalam — circunferência; bhū-valayasya — da esfera terrestre; kṣaṇena — em um instante; sagavyūti-uttaram — adicionando-se dois krośas (seis quilômetros); dvi-sahasra-yojanāni — a 2.000 yojanas; saḥ — o deus do Sol; bhuṅkte — percorre.

Tradução

Meu querido rei, em sua órbita através de Bhū-maṇḍala, o deus do Sol percorre uma distância de 95.100.000 yojanas [1.217.000.000 quilômetros] à velocidade de 2.000 yojanas e dois krośas [25.606 quilômetros] a cada instante.

Comentário

Neste ponto, encerram-se os Significados Bhaktivedanta do quinto canto, vigésimo primeiro capítulo, do Śrīmad-Bhāgavatam, intitulado “Os Movimentos do Sol”.